O final de ano aproxima-se. As férias merecidas estão aí a assomar-se e todos nós ansiosos pelas mesmas. Chega um tempo de reflexão, de tomada de decisões importantes, de mudança de rumo para alguns de nós. É também um tempo de despedida, de dizer que chega ao fim mais um ciclo de vida que o longo ano (e difícil) nos trouxe.
– Caramba! – deixem-me dizer em tom de desbafo. – É com pena que abandono tantos que conheci e com quem aprendi. Sei que nem sempre fui o que esperava ser. Falhei? Fica o meu desabafo sincero. Sinto que neste final, que apressadamente chega, muito mais teria e poderia ter feito. Foi o melhor que pude fazer. E olhem que muito se fez…
Escrevi neste blogue onde nunca encontrei uma palavra que o comentasse, que me alentasse a continuar. O único momento de alegria foi ver que um dos artigos que escrevi mereceu atenção pelo Conselho Executivo (provavelmente o único leitor atento do que ia sendo produzido), que colocou o mesmo numa das páginas do jornal digital. Alegrei-me nesse dia e foi com imenso contentamento que o vi publicado. O meu Bem Haja pela atenção.
Gostava de ter sido mais desafiado, de ter sido convidado para duelos onde a intelectualidade se esgrimisse, onde a reflexão tivesse lugar. É com pena que vejo a pouca participação. Mas gostaria de dizer que ainda cá estamos, que ainda vivemos, que ainda nos sentimos vivos.
A este propósito, sem citar nomes da literatura como tantos gostam de o fazer (pois parece que fica sempre bem e abusa-se!!), digo que a maior elevação do ser humano é a capacidade de poder argumentar por si próprio, de ser capaz de apresentar a sua opinião, a sua reflexão, de ser ele mesmo. É esse o espírito que cada um de nós, professores, deveríamos ter, na minha mais humilde e modesta opinião. A cada um de nós compete agitar as consciências de quem nos é entregue a educar, sem constranger, sem amedrontrar, sem admoestar. Cabe-nos fazer cidadanina, criar espírito cívico, fazer formação de cidadãos responsáveis e críticos, capazes de julgar de forma crítica e sem juízos pré concebidos, mas despertos para a criação de um mundo melhor e mais justo.
Através da linguagem podemos traduzir o que nos vai no mais íntimo. A cada um de nós, educadores, cabe o papel de incentivar a expressão dessa intimidade, sem a sua coação ou impedimento. Em cada sala de aula, em cada espaço da escola, em cada sítio partilhemos as nossas opiniões. É nesta partilha que aprendemos e nos construimos enquanto pessoas. Aprendamos a partilhar e a aceitar a diferença. Sejamos intervenientes, porque ainda cá estamos…
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