Ave de rapina

Passas tu no ar…
grandiosa ave de rapina,
bela, olhos a brilhar…
Como uma serpentina.

Vejo-te a voar,
durante o teu longo passeio,
de manhã ao acordar,
ou ao luar já cheio…

Ave, voa voa…
Sem destino nem direcção,
nunca me esquecerei de ti,
estarás sempre no meu coração.

Voas rápido,
mais rápido que ninguém,
voa para longe,
voa para Santarém…

Ave de Rapina,
voa pela cidade,
abraça a Natureza,
abraça a Liberdade…

Ave de Rapina

João Alexandre

Ver

Eu vejo…

Eu vejo o que não existe

Quem não vê

É triste;

Eu gosto de ver…

Vales profundos

e consigo imaginar

muitos outros mundos ;

Ver é o mais fantástico…

Do melhor que há

Ver é um tesouro

melhor que o do marajá;

Querer é poder

Estudar é ler

Observar é ver…

mas o maravilhoso

é conseguir viver;

João Alexandre

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                           Luís de Camões

Sérgio Mesquita